P52015-2020

Arquivo

Periscópio

Entre os anos de 2015 e 2020, a Galeria Periscópio ocupou uma casa tombada na Av. Álvares Cabral n. 534, em Belo Horizonte, onde realizou 28 exposições. Este livro configura um arquivo das atividades que ocorreram nesse período.

“Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.”

João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas

Index

Sobre a Periscópio

Ensaios

Ampliando a visão

Alexandre Romanini, Altivo Duarte e Rodrigo Mitre

Programa para transver o mundo

Germano Dushá

Arte – pensamento em ato

Libéria Neves e Vicente Camiloti

Apenas o começo

Raphael Fonseca

Exposições

Domingo

Fabio Tremonte

Da Morte e Do Amor

Marc Davi

Hiperlink

Andrea Brown, Camila Lacerda, Márcio Diegues

Todos os tempos

Marcone Moreira

Você é a seta

Éder Oliveira

Todos por Um

Curadoria Wilson Lázaro

Um Piano na Selva

Curadoria Germano Dushá

Projeto Wilson Baptista

Wilson Baptista

Sem Título (Do Impossível ao Porvir)

Marina Câmara, Janelas Indiscretas, Guto Lacaz

Janelas Indiscretas

Guto Lacaz

Exposição de Galeria + Anotações sobre a prática

Ana Linnemann

Da diversidade vivemos

Acervo

A cidade onde envelheço

Rafael RG

Luas, Brutos e Sóis

Gisele Camargo

Olhar Instantâneo

Acervo

Daquilo que é próprio

Marcelo Drummond

À porta de casa

Fábio Baroli

República da Cobra

Randolpho Lamonier e Thiago Martins de Melo

Toda tentativa é um fracasso

Alice Ricci

Plano e risco

Eduardo Hargreaves

Somos todos riscadores

Fábio Tremonte

A parte pelo todo

Lucas Dupin

Como ativar os estilhaços da história pela linguagem: re-alfabetização política urgente

Traplev

Sangue sem voz

Umberto Costa Barros

A escultura no flagrante da ação

Flávio Cerqueira

Corpo rasgado em estado de céu aberto

Luana Vitra

Memórias são histórias da pele

Selma Parreira

Um erro inesperado aconteceu

Curadoria Marcelo Drummond e Nydia Negromonte

Criado no início do século 20, o periscópio é um dispositivo óptico cujos modelos e aplicações assumiram muitas formas ao longo do tempo, mas sua função primordial é inequívoca: ampliar o alcance da visão humana. No entanto, quando foi sugerido como nome para a galeria pelo artista e professor Marcelo Drummond a nosso convite, essa conotação não estava clara: a ideia surgiu de maneira mais espontânea. Buscando por um termo singular, que transmitisse a ideia de um projeto coletivo, Marcelo, de repente, nos interpelou: “Acho que o nome da galeria deveria ser algo meio estranho mesmo… como periscópio!”.

Naquele momento, a referência que ocorreu a Marcelo foi a obra homônima de Guto Lacaz, apresentada em 1994 na exposição Arte/cidade 2, em São Paulo. Essa intervenção urbana de amplas proporções trazia um instrumento gigante acoplado à fachada de um prédio, que permitia aos transeuntes verem, da rua, a exposição no último andar do edifício e, em contrapartida, possibilitava ao visitante do edifício observar o que se passava na calçada.

A princípio a sugestão encontrou alguma resistência, mas aos poucos a força da provocação desse nome pouco usual e as possibilidades de sua carga semântica passaram a produzir estímulos positivos. Logo decidimos batizar assim o projeto que vinha se costurando havia muitos anos e que, enfim, estava pronto para ganhar o mundo.

Muito antes, em meados da década de 1990, Rodrigo tinha escutado o artista Amilcar de Castro (1920-2002) falar sobre um sonho: criar uma galeria para expor jovens artistas, que funcionasse por meandros menos habituais. A palavra de ordem era esperança. Isso se tornou a inspiração para o seu projeto de graduação e foi o que lançou o primeiro grão que anos mais tarde daria em semeadura. Esse pensamento original atravessou diferentes fases até sua maturação, e foi a partir da troca entre nós três que ele ganhou o tônus final.

O objetivo, por um lado, era energizar o circuito mineiro e nacional, oferecendo palco para as questões conceituais, procedimentais e políticas urgentes, de difícil vazão à época. Por outro, o propósito era experimentar novas maneiras de desenvolver diálogos e parcerias com os agentes da arte, e de ativar, receber e se relacionar com o público. Nesse caminho cada um trouxe suas vivências, conhecimentos técnicos e, sobretudo, vontade de fazer e ilimitada dedicação aos propósitos e ao projeto.

Então, no fim de 2015, uma época em que o país já mergulhava num período conturbado e de profundas dificuldades, resolvemos abrir a galeria. Naquele contexto de retração econômica e enormes incertezas, estávamos cientes da complexidade do desafio, mas igualmente confiantes. Afinal, não havia um plano b: era este o projeto que nossas vidas e a cidade pediam, e estávamos dispostos a levá-lo às últimas circunstâncias.

A nossa primeira sede foi uma casa tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal de Belo Horizonte, localizada na avenida Álvares Cabral, no centro – lugar permeado por grandes instituições e recorte fundamental para a difusão cultural na cidade. Foi necessário reformar com muito esmero o imóvel, e o excesso de trabalho e a onerosidade por vezes tornaram-se um grande desafio. No entanto, a localização, a porosidade em relação ao público e o charme do casarão sempre compensaram quaisquer obstáculos.

Entre 2015 e 2020, foram realizadas 28 mostras num espaço diferente do tradicional “cubo branco”. O que apresentaremos neste livro é um registro desses nossos anos iniciais. De modo arrojado e com o necessário atrevimento, muito pôde ser experimentado, apesar das extremas dificuldades. Olhando em retrospectiva para cada projeto expositivo, nota-se entre eles um fio condutor. É algo que não se consegue traduzir em palavras, mas sabemos que envolve a prática conduzida pelo olhar sensível e a força da criação dirigida para as emergências contemporâneas.

Nesta revisão dos primeiros cinco anos de nossa história, há apenas uma certeza: não nos furtamos da batalha. Nós nos aproximamos de artistas e de outros pensadores nos quais acreditamos, e trouxemos à vida os projetos que julgamos necessários. Com a solidez, fruto da experiência adquirida na metade da última década, e tomando fôlego para encarar novos ciclos, nosso desejo é seguir contribuindo para uma história da arte brasileira mais diversa e mais vibrante, capaz de ampliar a visão e a atuação humana. Capaz de nos fazer enxergar e ir além.

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